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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Médicos intensivistas denunciam mortes de 170 pacientes por falta de UTI

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A Associação de Médicos Intensivistas de Teresina (Asimute) denuncia que a falta de leitos de tratamento intensivo tem provocado mortes diariamente no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). "É um problema grave de saúde pública que as autoridades tem conhecimento", afirma o presidente, Eduardo Carvalho. Somente no mês de julho, a Associação teria identificado 177 mortes por falta de leitos de UTI.  
De acordo com o médico, a Asimute ingressou com uma ação civil pública em 2011, junto ao Ministério Público Estadual (MPE), que iniciou investigação em parceria com órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Vigilância Sanitária Estadual (Divisa), Conselho Regional de Medicina (CRM) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PI). Eduardo Carvalho diz que foi constatada improbidade administrativa por parte dos gestores municipais de saúde. "A falta de gestão implica na falta de leitos. É preciso uma ação realmente efetiva para diminuir essas mortes".  
Ele conta que no relatório entregue ao MPE, existem dados que mostram que em um único dia na unidade de leitos intermediários foram registradas 10 mortes. "Se nada for feito e pegarmos esse número como base, podemos chegar a 300 mortes em um único mês. 10  mortes em um dia são dados de medicina de guerra".  
O HUT possui hoje 16 leitos de UTI adulto, oito leitos de UTI pediátrica e mais 16 leitos na Unidade de Cuidados Intermediários, que mesmo não sendo habilitados como terapia intensiva, estão sendo usados para esse fim. "Isso sem contar os pacientes graves, que por falta de leitos, estão internados em leitos comuns". 
Para a Asimute, o déficit de Unidades de Terapia Intensiva em Teresina seria de 100 leitos. "Por isso, nós pedidos a investigação dessas mortes, não de forma individual, mas pára a população saber e autoridades tomarem providências". 
O Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM) abriu uma sindicância para apurar 11 óbitos ocorridos no HUT, segundo denúncia feita pela Asimute. O HUT estaria passando por uma crise estrutural grave, principalmente, devido à falta de investimentos em leitos de UTI. 
O presidente do CRM, Emmanuel Fontes, enfatiza que hospitais que atendem casos de urgência e emergência são locais propícios a ocorrência de mortes, devido a natureza do serviço prestado, no entanto, é preciso investigar. "Mesmo tendo essa natureza, o serviço precisa ser investigado para saber em qual circunstâncias essas mortes ocorreram. A investigação não tem data para ser divulgada", diz.
Ele diz ainda que o CRM poderia pedir a interdição ética do hospital. "Como se pode fechar o único hospital de urgência do Piauí? O caos seria maior ainda e, conforme princípios éticos, da não maleficência, não poderemos ocasionar um mal maior do que o já existente".
Está prevista a abertura de 30 novos leitos de terapia intensiva no HUT.  
Sana Moraes 
redacao@cidadeverde.com

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